Acesso da língua portuguesa ao ensino superior nos EUA

Lisboa, 04 out (Lusa) – O acesso da língua portuguesa ao ensino superior, em particular nos Estados Unidos, foi hoje apontado como um objetivo prioritário durante a apresentação das medidas de promoção do Português Língua Global, que decorreu no Instituto Camões.

“Vimo-nos referindo a esta política como a política dos ‘três ‘cês’, política de novos conteúdos, suportados em novas plataformas digitais, o segundo ‘c’ que se aplicará à certificação (…) e o último ‘c’ que tem a ver com os créditos que a língua portuguesa pode e deve fornecer no acesso ao ensino superior, e que será um fator decisivo a sua expansão em determinados países, como, por exemplo, os Estados Unidos, e para o qual estamos também a trabalhar”, referiu na sua intervenção Teresa Ribeiro, secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação.

A sessão pública “Português Língua Global”, registou ainda intervenções da presidente do Camões- Instituto da Cooperação e da Língua, Ana Paula Laborinho, e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, que também destacou a importância da rede de ensino do português como língua estrangeira em todo mundo, no ano letivo que agora se iniciou.

“Neste momento, o Instituto Camões está presente em 84 países, mas, para além da rede própria do Instituto Camões, há em muitas universidades e escolas de línguas por esse mundo fora o ensino do português como língua global que é”, referiu o chefe da diplomacia portuguesa em declarações à Lusa.

Augusto Santos Silva destacou que atualmente, e apenas no ensino superior, cerca de 100.000 estudantes estudam o português em todos os continentes e em diversos países, no que definiu como “um dos valores mais importantes da presença portuguesa e da sua influência” no mundo.

A definição desta ampla rede e o levantamento da presença do português em universidades à escala mundial, e mesmo fora da rede Camões, também através da contribuição de diversas embaixadas, foi o objetivo desta iniciativa, e que fornece um quadro mais completo da sua expansão, com cerca de 200.000 estudantes a aprenderem atualmente a língua portuguesa como língua estrangeira em todos os continentes.

“O papel do Instituto Camões neste processo tem sido muito importante” e (…) “progressiva e ainda este ano abrimos três novas cátedras de estudos portugueses em universidades, abrimos mais oito leitorados e estamos presentes em mais instituições de ensino”, especificou Augusto Santos Silva, que recordou que a língua portuguesa é hoje falada por 261 milhões de pessoas, na Europa, América, Ásia e África.

A expansão da língua portuguesa, “ainda mais acelerada por força do dinamismo associado a países como Angola, Moçambique ou Brasil, naturalmente importantes para este dinamismo e interesse pela língua portuguesa”, foi também assinalada por Teresa Ribeiro, que no entanto frisou a importância de “políticas públicas” objetivas, mesmo que o português já tenha “o lugar que merece” no panorama internacional.

Teresa Ribeiro anunciou ainda que vão ser aumentados os centros culturais, referiu-se ao recentemente aberto em Berlim e à perspetiva de ter outro centro em Pequim, para além do reforço dos centros de língua: “Já são muitos e vamos aumentar já este ano em cerca de 60% a rede já existente, em lugares tão distantes como o Vietname”.

Os dados recolhidos sobre a presença portuguesa no mundo obtidos neste levantamento indicam que a Rede Camões garante 654 docentes, 369 instituições e 89.370 alunos na formação superior, um número que se amplia a todos os segmentos com a Rede associada não superior.

O estudo refere-se ainda a 42 cátedras Camões nos quatro continentes, 20 centos culturais e 72 centros de língua, outra rede em expansão, e onde o recurso ao digital através de diversas parcerias constitui outra prioridade, como reconheceu a responsável pelo Instituto.

“São medidas que passam muito pelo uso do digital, vamos ter a apresentação de alguns desses materiais que estão a ser feitos e permitem uma expansão muito grande, são medidas no sentido de termos uma visão mais estratégica da rede, em que pontos queremos estar, numa aposta muito clara na interpretação e tradução como forma de entrarmos nas organizações internacionais”, disse à Lusa Ana Paula Laborinho, antes da apresentação do estudo.

A presidente do Instituto Camões destacou ainda a apresentação de um trabalho com a Organização dos Estados ibero-americanos para a educação de cultura “de intercompreensão linguística entre o português e o espanhol, que fará deste universo linguístico um dos maiores blocos linguísticos do mundo”, quando a língua portuguesa já se insere numa “rede muito mais global que atinge mais de 1.000 instituições” à escala mundial.

PCR // ARA – Lusa/Fim
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