Prémio Literário UCCLA – Apresentação da obra vencedora da 2.ª edição

Prémio Literário UCCLA – Apresentação da obra vencedora da 2.ª edição e lançamento da 3.ª edição
Foi apresentada, dia 16 de junho, a obra vencedora da 2.ª edição do Prémio Literário UCCLA – Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa, atribuída ao livro “Diário de Cão” de Thiago Rodrigues Braga, na Feira do Livro de Lisboa.
Para Vítor Ramalho este prémio, a que concorreram 520 autores, é o “testemunho da vivacidade que hoje a língua portuguesa empresta e a preocupação que os jovens, aparecendo alguns com cerca de 90 anos, têm”.
O Secretário-Geral destacou a importância da língua portuguesa como a “língua mais falada do atlântico sul, uma das primeiras mais utilizadas nas redes sociais e somos, sobretudo, enquanto língua, não apenas hoje uma língua universal, mas somos hoje uma língua materna para muitos dos povos e países, que adotaram a língua portuguesa como a língua oficial”.
António Carlos Cortez realçou haver uma grande diversificação de candidaturas ao prémio e um “alto grau de qualidade literária”, candidaturas essas que “vão dos 8 aos 80 e que, na maioria dos casos, coloca-nos perante uma evidência…. é que no universo de língua portuguesa, Portugal ao Brasil, Brasil a Timor até aos países como Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné, há de facto neste momento, parece-me, jovens, tenham eles 80 ou 18 anos, a escrever com uma certa inquietação de linguagem”.
Destacando a semelhança entre o autor vencedor nesta edição e da edição anterior, realçou que são “livros curiosos e são livros estranhos, na verdade até são um pouco inclassificáveis”.
No que respeita à edição deste ano “pode-se encontrar aqui um diário que, na verdade, a todo o momento, na escrita do narrador ou do diarista que aqui se apresenta, está permanentemente a dizer que não quer escrever este diário. O que não deixa de ser curioso, porque já o João Nuno Azambuja (vencedor da edição anterior) fez um exercício interessante de um sujeito narrador que, com a raiva enorme de ter que escrever sobre um tempo esmagador, como é o nosso, o tempo da técnica, enfim, um tempo em que não há espaço para repousar, para pensar, para viver, essa mesma fúria perante um real que abate sobre nós e nos esmaga, impondo-nos uma espécie de escravização da técnica, é o que nós vamos encontrar de novo, numa linguagem muito diferente é certo, no livro do Thiago Rodrigues Braga”.

Thiago Rodrigues Braga
O consultor elencou 4 aspetos interessantes na obra vencedora: o título “Diário de cão” é um título “um pouco incomodativo” em que pode levar os “leitores a pensar que se trata aqui de uma espécie de exercício de auto flagelação da pessoa que decidiu escrever o livro”; “a ideia de diário e de organização cronológica não é respeitada, por assim dizer, na forma deste livro”; há uma “espécie de títulos que preparam a leitura destes blocos narrativos e isto faz lembrar um pouco qualquer coisa que é uma experiência muito contemporânea e moderna da literatura, que é o chamado romance ensaio”; e, por último, “haver, ao longo do livro, uma oscilação entre um registo elevado de linguagem e, de vez em quando, uma espécie de queda de lugares que são típicos do português-brasileiro, daí a necessidade de se ter um glossário no final do livro”.
Para António Cortez o trabalho que a UCCLA tem vindo a desenvolver em prol da língua portuguesa deve “ser sublinhado” e “merece ter mais atenção dos media, porque patrocinar, acarinhar, promover um concurso que é dirigido a todo o universo de língua portuguesa não é qualquer entidade que o faz”, destacando que a “intervenção política é cultural e vice-versa e, nesse aspeto, como consultor do júri e como leitor devo agradecer a oportunidade de ler essas candidaturas”.
João Pinto de Sousa destacou a parceria existente neste prémio, com a UCCLA e José Ribeiro e Castro, assim como o trabalho excelente desempenhado pelo consultor António Carlos Cortez. Salientou também que a “excelência da composição do júri acrescenta imenso valor” ao prémio.
A “gratidão por esta parceria” foi salientada por José Ribeiro e Castro, destacando o papel da língua portuguesa como uma “língua global, uma língua internacional e a língua mais falada no hemisfério sul”. Este prémio assina o “grande desafio da língua portuguesa”, acrescentando que “somos de facto uma língua internacional há relativamente pouco tempo e ainda não nos capacitámos, por completo, dos desafios que isso representa para nós e também das oportunidades que isso representa em todas as áreas e, naturalmente, no plano cultural”. Este prémio é “singular e valoriza esse aspeto, é um prémio internacional, é um prémio em que concorrem autores de todos os espaços da língua portuguesa”.
José Ribeiro e Castro finalizou afirmando que a língua portuguesa é uma “língua de amizade, uma língua de paz, uma língua de futuro, uma língua de progresso, uma língua de sonho”.
Artur Galvão Teles, em representação do ministro da Cultura de Portugal, Luís Filipe de Castro Mendes, destacou a importância destas iniciativas culturais.
O evento contou, também, com a presença do chefe da Representação Permanente de Angola junto à CPLP, Embaixador Luís Almeida, dos escritores José Hopffer Almada e Delmar Maia Gonçalves, do vencedor da 1.ª edição do Prémio Literário UCCLA, João Nuno Azambuja.
O Prémio Literário UCCLA é uma iniciativa conjunta da UCCLA e Editora A Bela e o Monstro, que conta com o apoio do Movimento 2014 e Câmara Municipal de Lisboa, e tem como objetivo estimular a produção de obras literárias, nos domínios da prosa de ficção (romance, novela e conto) e da poesia, em língua portuguesa, por novos escritores.
No final do evento, foi comunicada a abertura da 3.ª edição do Prémio Literário UCCLA – Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa, cujas candidaturas decorrerão até ao dia 31 de janeiro de 2018.
Nota:
Mesa – da esquerda para a direita:
Artur Galvão Teles, adjunto no gabinete do Secretário de Estado da Cultura de Portugal, António Carlos Cortez, consultor do júri do Prémio, Vítor Ramalho, Secretário-Geral da UCCLA, Rui Lourido, coordenador cultural da UCCLA, João Pinto de Sousa, da Editora A Bela e o Monstro, e José Ribeiro e Castro, do Movimento 2014.
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